por Gilson Barbosa
Divórcio é a dissolução do vínculo matrimonial, podendo os divorciados contrair novas núpcias (Dic. Aurélio, 2000). O divórcio nas igrejas evangélicas tem aumentado tanto, que a decisão dos cônjuges crentes em se divorciar parece ter como base esse simples e frio significado lexicográfico, sem atentar para o que as escrituras sagradas definem a respeito desse tema. O assunto tem dividido os estudiosos evangélicos em dois grupos: os que não admitem o divórcio em hipótese alguma, e os que admitem o divórcio e novo casamento.
Alguns textos bíblicos parecem ser muito claros quando diz a respeito do divórcio, ou seja, o entendimento de que Deus não permite o divórcio. Leia Marcos 10:11, 12; Lucas 16:18;Romanos 7:2, 3; I Coríntios 7:10; I Coríntios 7:39.
A inferência desses textos é que, 1) não admitem o divórcio sob nenhum motivo; 2) pode casar-se novamente somente o cônjuge cujo parceiro veio a óbito; 3) quem casar com a pessoa divorciada também adultera. Creio que a gravidade dos textos bíblicos tem como objetivo evitar o divórcio por motivos fúteis tais como, esgotamento do amor, transtorno familiares, desajustes financeiros, desemprego, incompatibilidade de gênios e alguns outros motivos nessa linha.
Alguém pode perguntar: Quais casos em que se pode divorciar? A grande maioria dos estudiosos admite apenas dois casos: infidelidade conjugal e deserção da parte descrente. Os textos apontados são: Mateus 5:32; 19:9 (para infidelidade conjugal) e I Coríntios 7:15 (permitido para a parte descrente). Outro grupo de estudiosos pensa que Mateus não contempla o divórcio e admite apenas o segundo caso.
A “cláusula de exceção” de Mateus 5:32 e 19:9
Esta cláusula tem sido motivo de intensos debates. Um grupo entende que a expressão “a não ser por causa de fornicação” ou “relações sexuais ilícitas”, não permite o divorcio aos casais. Interpretam que a palavra grega para fornicação (porneia) se aplica às relações sexuais entre solteiros. Explicam que somente Mateus trata da exceção, pois escreveu aos judeus, e que a mesma se aplica apenas as relações sexuais antes do casamento. O divórcio somente era permitido durante o período de noivado, entendido na cultura judaica como um compromisso tão solene que os noivos passavam a se tratar como marido e mulher. É o que aconteceu com José, noivo de Maria (Mateus 1: 19).
Não concordo, em partes, com esse ponto de vista. Apesar de explicar um costume cultural verdadeiro, não resiste a um exame mais profundo da expressão grega porneia ou fornicação (ACF). Ainda que exista uma palavra específica para adultério (moicheia) e outra específica para fornicação (porneia) nem sempre é assim. O pastor Esequias Soares (Analisando o divórcio a luz da Bíblia, 1996) apresenta uma lista de eruditos, na língua grega, afirmando que porneiacontempla todo o tipo de pecado sexual, e inclui também o adultério. Portanto, não é honesto afirmar que Mateus refere-se apenas a relações sexuais entre solteiros. O contexto bíblico emprega porneia para um caso de relação sexual entre um solteiro com uma mulher casada: “Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem possua a mulher de seu pai” (I Coríntios 5:1). Do ponto de vista do jovem era fornicação, do ponto de vista da mulher era adultério. Além do mais a expressão é empregada em ocasiões que, se restringirmos sua aplicação apenas a pessoas solteiras, “teríamos uma complicação insuperável em toda a Bíblia” (Soares, 1996). É o caso de Atos 15:20, 29; I Coríntios 5:1; I Coríntios 10:8; Judas 7. Portanto, concordo com os que pensam que em Mateus há, pelo menos, tolerância com respeito ao divórcio no caso de infidelidade conjugal.
Dito isso, discordo também dos que entendem que Jesus permite não apenas o divórcio na cláusula de exceção, mas também o novo casamento. Dizer que um novo casamento está claro no texto é desonestidade. É um tanto forçado deduzir isso por inferência. Precisamos lembrar que os que procuraram Jesus para conversar eram homens hipócritas com espiritualidade duvidosa. Não me recordo de nenhum personagem bíblico, temente aos mandamentos do Senhor, envolvido num caso de divórcio ou novo casamento. Nem o divórcio nem um novo casamento devem ser a solução para um casamento em risco: “Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá á sua mulher, e serão os dois em uma carne”.
Reconciliar ou permanecer solteiro
Pra mim está claro que, caso não seja possível manter o vínculo matrimonial no caso de infidelidade conjugal, o mandamento bíblico é que a parte inocente não volte a casar ou então que se reconcilie com seu cônjuge: “Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que reconcilie com o marido” (I Coríntios 7: 11) e que um novo casamento é permitido somente pela ocasião do falecimento de um dos cônjuges e ainda com outro crente (I Coríntios 7:39). É verdade que Paulo não menciona a infidelidade conjugal como motivo para o divórcio, mas por outro lado ele não contrariaria os mandamentos de seu mestre (aos casados, mando não eu, mas o Senhor).
Não sou a favor do divórcio (exceto por infidelidade conjugal) nem do novo casamento. O casamento é destinado a ser permanente: “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”. Seguindo as recomendações paulinas (Efésios 5:25) o marido deve amar sua esposa assim como Cristo amou a igreja, e vice-versa. Portanto, deve ser intenso e duradouro. O que está acontecendo hoje em dia é uma banalização do casamento. Há muitas pessoas dentro das igrejas vivendo em pecado ao desconsiderar o mandamento do Senhor quanto ao divórcio e novo casamento. Não mencionei a situação de pastores divorciados e casados novamente, porque para mim o mandamento é o mesmo para todos, indistintamente.
Um conselho
Antes do casamento, é imprescindível que pais, pastores e noivos, saibam, ensinem e aprendam o que as escrituras afirmam sobre divórcio. Assim evitaríamos tanto este mal quanto o alastramento deste pecado em nossas igrejas. Casamento é coisa séria. Se não pode suportá-lo siga as recomendações de Jesus (Mateus 19:12) ou de Paulo (I Coríntios 7: 27, 38) e não case. Aos que são divorciados (exceto por infidelidade conjugal) e aos que se casaram novamente (em todos os casos) sugiro que peçam a graça, a misericórdia de Deus e perdão pelos pecados cometidos. Quem sabe ele atende sua oração!
Com amor,
o conjuge inocente deve sim casar novamente.
ResponderExcluira biblia diz pra nao condenar os inocentes.e sim os injustos. a bilia diz que deus julgara os adulteros e fornicadores. veja todo julgamento comporta, uma condenaçao ou absolvicao. vai depender da situaçao particular de cada um em relaçao ao divorcio
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