O DNA atua, com mais ou menos intensidade, em todos os aspectos da fisiologia humana. E a obesidade não é exceção. Aliada a maus hábitos, há uma clara contribuição genética que ajuda o ponteiro da balança a subir e ainda não foi totalmente desvendada pelos especialistas. Agora, uma equipe de pesquisa da qual participa um brasileiro apresenta um grande avanço na compreensão desse mecanismo hereditário. Em um estudo publicado na edição de hoje da revista Nature, o grupo mostra como a interação de dois genes — o FTO e o IRX3 — favorece o ganho de peso. E mais: ao inibir a expressão do segundo em ratos, os cientistas tornaram os animais mais resistentes ao acúmulo de gordura e ao surgimento do diabetes.
Há algum tempo, pesquisadores perceberam que mutações no FTO eram acompanhadas de um risco maior de obesidade em humanos. Isso fez com que a maior parte da origem genética do excesso de peso fosse atribuída a ele. O novo trabalho, contudo, mostra que o gene é um mero coadjuvante. Conforme mostra a pesquisa, uma estrutura existente no FTO desencadeia a ação do IRX3, esse sim com papel fundamental no controle da massa e da composição corporal. Portanto, qualquer associação entre o FTO e a obesidade é influencidada pelo novo “gene da obesidade”.
Segundo Marcelo Nóbrega, geneticista brasileiro que trabalha na Universidade de Chicago (EUA) e um dos principais autores do artigo, o maior feito da descoberta é mostrar que centenas de laboratórios espalhados pelo mundo que focaram os estudo sobre a regulação de massa corpórea no FTO estavam, provavelmente, analisando o gene errado. “Muitos deles vão redirecionar os esforços para entender como IRX3 regula o metabolismo”, aposta o pesquisador, formado em medicina pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “O segundo impacto é o de mostrar que, frequentemente, mutações não estão relacionadas com o gene mais próximo delas, e que precisamos desenvolver métodos para avaliar cuidadosamente isso.”
Fonte: Correio Braziliense
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