terça-feira, 11 de março de 2014

Igreja: casulo do músico cristão.


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Desde muito cedo estou envolvido com música na igreja, tenho a alegria de ter nascido num ambiente extremamente musical, meu pai músico multi-instrumentista (tocava vários instrumentos de sopro, além de violão, teclado e acordeon), além de ser o responsável pelo coral da igreja desde sempre. Por outro lado minha mãe, nos cultos domésticos, sempre tocava acordeon e cantava muito bem, o que despertou em mim, muito cedo a veia musical.

Lembro-me aos 8 anos já estar tocando na igreja, então por baixo, são 20 anos envolvido com música diretamente no contexto evangélico, isso contando o tempo que tive fora pelos motivos que só um músico cristão sabe. E sou muito grato ao Senhor inclusive por esses momentos “fora” do ninho, por que foi nesses momentos que aprendi a me ver como realmente era musicalmente.

Nesses 20 e poucos anos, venho observando situações, comportamentos e atitudes de músicos, líderes musicais, pastores de música, ministros, e afins, e tenho aprendido muito, e gostaria de dividir um pouco do que tenho observado ao longo desses anos. Por que a igreja é o casulo do músico cristão?

Em muitas situações, a igreja para o musico, funciona como uma espécie de casulo ou ninho.

1º.: Por que é um ambiente confortável e aconchegante, “livre de ameaças”

2º.: Por que pode ser um instrumento deformador da visão que um músico pode ter de si mesmo.

Nesse momento, quero me concentrar apenas nos desdobramentos que são oriundos dessas duas situações. A igreja evangélica brasileira quase na totalidade suprimiu a beleza da arte, e sempre teve sua atenção focada em seu utilitarismo. Calma!!! Explico, a igreja lógico que, com suas raríssimas exceções, sempre esteve muito focada na recuperação do homem, mas esqueceu de uma coisa básica, o homem não vive só de pão e emprego.

A outra coisa séria, é o fato de pregar o céu e sua maravilha (e não há nada de errado nisso), mas não ensinou aquele cidadão renegado, a ver a beleza a sua volta, a criatividade do Deus da criação por exemplo.

O outro extremo, é a pregação focada no materialismo. Nenhuma das duas orientações, incluem a arte. Pergunto: Como um artista pode se sentir motivado com a sua arte, se o que ele faz não é visto como arte, apenas como algo necessário dentro da liturgia?

Nesse aspecto podemos dizer que a igreja esquece que seu Criador é o maior artista, é o Deus da Criação! É a maior autoridade em arte! Se a igreja não reconhece a arte musical, então não haverá critérios de avaliação para os músicos. Por isso em alguns contextos é muito comum um músico ficar naquela cadeira-cativa anos a fio.

E o que isso gera no músico, é uma falsa visão de si mesmo, porque todo aquele ambiente aconchegante e extremamente “utilitarista”, o faz pensar que por estar sendo útil, também é o melhor praquela realidade.

Formamos então especialistas em mediocridade, gente morta pra arte, cegos, incompetentes, arrogantes, e sem um fio de humildade, e que se opõem fortemente à mensagem do evangelho de Cristo.

Esse é do tipo que, quando chega um músico mais talentoso em sua congregação, ele trata logo de fazer aquele discurso "mata-oponente”. Nessa hora, vale tudo pra proteger seu posto-cadeira-cativa.

Elly Aguiar, músico e compositor.

Fonte: PavaBlog

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