domingo, 16 de março de 2014

Um evangelismo eficiente



Por Renato César


Primeiramente, devo esclarecer que a expressão evangelismo eficiente refere-se aos meios, não aos fins. Quero dizer com isso que as propostas de evangelismo, nada novas, que apresentarei não são garantia de maior alcance de resultados, mas certamente irão proporcionar a transmissão de uma mensagem mais consistente e precisa.

Considero o método de evangelismo em locais públicos utilizado por muitas igrejas ineficiente porque, em geral, o público-alvo está ouvindo a mensagem não porque tenha sede de ouvi-la, mas porque não tem outra alternativa. É similar ao que algumas pessoas fazem ao ouvir músicas evangélicas em suas casas ou mesmo em seus celulares: aumentam o volume do som a fim de compartilhar o evangelho com a vizinhança. Além de ser uma atitude claramente desrespeitosa, é mais provável que em vez de atrair pessoas a Cristo acabe por causar indignação em quem se sente incomodado com o som alto.

O evangelismo de massa que vemos em Atos tem pouco a ver com isso que vemos hoje em locais públicos. Quando os apóstolos pregavam, o povo ouvia atentamente porque era uma mensagem completamente nova e, especialmente, porque era atraído pelo Espírito Santo de Deus. Igualmente, Jesus não bradava sua mensagem aos quatro ventos enquanto transeuntes cruzavam seu caminho sem dar-lhe atenção. Mesmo quando havia rejeição ao evangelho, essa rejeição não decorria da indiferença dos ouvintes à mensagem, mas porque eles discordavam exatamente de seu conteúdo.

O Brasil é hoje uma país evangelizado. É claro que há ainda regiões muito carentes do evangelho, mas certamente as grandes cidades não estão entre elas. Duvido que se ache com facilidade alguém que não tenha ouvido que Jesus morreu numa cruz para salvar pecadores. Católicos e evangélicos, bem ou mal, compartilham as boas novas em TVs, rádios, internet e quaisquer outros tipos de mídia que se possa imaginar.

A questão, então, não é apenas falar de Cristo, mas transmitir a mensagem da cruz de maneira realmente consistente, mostrando àqueles que estão dispostos a ouvir sua real necessidade de arrependimento e de crer no Cristo morto numa cruz e ressurreto ao terceiro dia. Mas esse tipo de evangelismo só é possível se houver um contato minimamente próximo e prolongado para que se possa explicar, por exemplo, que o Cristo não foi apenas um homem, mas também foi Deus, e que esse mesmo Deus, que se revela em três pessoas, pode habitar em nós por meio do Espírito Santo.

O evangelho, especialmente nestes dias em que se disseminam facilmente tantas deturpações bíblicas, não deve ser passado de qualquer forma, e a melhor maneira de transmiti-lo é ensinando-o, às vezes, individualmente, de maneira paciente e personalizada. Para tanto, alguns métodos evangelísticos são mais propícios, como a utilização de pequenos grupos de evangelismo ou a realização de estudos bíblicos individuais, além, é claro, da pregação tradicional dirigida a ouvintes realmente interessados em ouvir e compreender a mensagem da cruz.

Pequenos grupos são especialmente úteis porque favorecem o evangelismo por amizade. Lamentavelmente, essa metodologia de evangelização, que deu resultado no início da Igreja (ainda que os cristãos assim se reunissem devido às circunstâncias) e em tantos outros lugares, foi deturpada e transformada por alguns em doutrina majoritária, quando na verdade diz respeito muito mais a um modelo de reunião que procura aliar filosofias administrativas à pregação do evangelho, tornando a atuação missionária das igrejas mais eficiente. Da mesma forma, estudos direcionados já demonstraram ser um técnica eficiente na transmissão de qualquer mensagem. O crescimento das Testemunhas de Jeová comprova a eficiência dessa técnica.

Contudo, é preciso ter em mente que o objetivo deve ser aprimorar o evangelismo, e não tornar o método ponto central nos resultados obtidos, desprezando assim a ação do Espírito Santo e a soberania de Deus para a salvação.

Finalmente, devemos nos lembrar que este é um assunto bem mais complexo e difícil de discutir do que parece. Sair por aí pregando sem critérios ou mesmo sem um planejamento prévio é renegar todo o conhecimento e aprimoramentos adquiridos pelo homem no ambiente secular. Ao contrário do que alguns sugerem, fazer uso de métodos e estratégias para tornar a pregação do evangelho mais eficiente, assim como um bom pregador faz ao preparar seu sermão, não é sintoma de desprezo pela ação do Espírito Santo, mas sinal de que se leva muito a sério o “Ide” de Jesus.

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Sobre o autor: Renato César é cristão reformado, formado em administração de empresas e teologia, membro da IPB - Fortaleza/CE. Contatos: renatocesarmg@hotmail.com

Divulgação: Bereianos

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