Texto: Ivonete Lucirio/ Adaptação: Letícia Maciel
O elevado nível de açucar no sangue pode levar a pessoa ao estado de coma. Foto: Divulgação
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Coma é um nome que assusta. Para alguns pode significar um longo caminho sem atividade e sem volta. Mas não é sempre assim. Muitas vezes é um tempo que o cérebro dá a si mesmo para se recuperar. Ao contrário do que muitos pensam, não se trata de um sono profundo. “O coma significa perda de consciência, que é a capacidade de interação com o meio. No sono, não temos isso”, explica oneurologista Antonio Lucio Teixeira Júnior, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Não apenas os traumas cerebrais podem levar a ela. “As causas podem ser metabólicas como encefalopatia hepática ou intoxicação por drogas, ou estruturais, como traumatismo craniano, tumor e AVC”, completa ele. Conheça mais e saiba o que é verdade e o que é mito sobre o estado de coma.
Pode ser tratado
MITO - Não há nada que os médicos possam fazer com relação ao coma. Os procedimentos visam amelhorar o estado do paciente de modo geral. A prioridade é a sobrevivência, que inclui manter arespiração e a circulação. Depois, buscam identificar com precisão a causa do coma e revertê-la. Por exemplo, podem ministrar glucose no caso de choque diabético ou antibiótico para a infecção cerebral. Se a causa for tratada com sucesso, há chances do paciente despertar sem sequelas.
MITO - Não há nada que os médicos possam fazer com relação ao coma. Os procedimentos visam amelhorar o estado do paciente de modo geral. A prioridade é a sobrevivência, que inclui manter arespiração e a circulação. Depois, buscam identificar com precisão a causa do coma e revertê-la. Por exemplo, podem ministrar glucose no caso de choque diabético ou antibiótico para a infecção cerebral. Se a causa for tratada com sucesso, há chances do paciente despertar sem sequelas.
É possível ficar nesse estado para sempre
VERDADE - Se as condições clínicas que levaram ao estado forem controladas, a pessoa pode permanecer no estado por muitos anos. “O paciente que persiste sem contato com o meio desenvolve o que chamamos de estado vegetativo persistente, que pode durar vários anos ou décadas”, diz o neurologista Teixeira Júnior. No entanto, quando a pessoa apresenta morte encefálica, o coma vem acompanhado por disfunções sistêmicas que levam à parada cardíaca e respiratória depois de poucos dias.
VERDADE - Se as condições clínicas que levaram ao estado forem controladas, a pessoa pode permanecer no estado por muitos anos. “O paciente que persiste sem contato com o meio desenvolve o que chamamos de estado vegetativo persistente, que pode durar vários anos ou décadas”, diz o neurologista Teixeira Júnior. No entanto, quando a pessoa apresenta morte encefálica, o coma vem acompanhado por disfunções sistêmicas que levam à parada cardíaca e respiratória depois de poucos dias.
O paciente sente fome,frio
VERDADE - Mas não há tomada de consciência de fenômenos como sede, frio ou calor. A sensaçãoexiste, mas a pessoa não está consciente delas. O mesmo acontece com a dor. Muitos respondem aestímulos , como picada no braço, embora os médicos acreditem que não tenham consciência da situação dolorosa. Mesmo que os nervos recebam o estímulo doloroso, ele não é processado pelo cérebro. “Alguns pacientes são capazes de responder a estímulos ambientais com movimentos faciais que expressam dor ou desconforto. É importante garantir que não passem por situações desconfortáveis”, diz o neurologista Wellingson Paiva, da FMUSP.
VERDADE - Mas não há tomada de consciência de fenômenos como sede, frio ou calor. A sensaçãoexiste, mas a pessoa não está consciente delas. O mesmo acontece com a dor. Muitos respondem aestímulos , como picada no braço, embora os médicos acreditem que não tenham consciência da situação dolorosa. Mesmo que os nervos recebam o estímulo doloroso, ele não é processado pelo cérebro. “Alguns pacientes são capazes de responder a estímulos ambientais com movimentos faciais que expressam dor ou desconforto. É importante garantir que não passem por situações desconfortáveis”, diz o neurologista Wellingson Paiva, da FMUSP.
A pessoa consegue ouvir o que é dito
VERDADE - Mas isso não significa, necessariamente, que o paciente processe o que está ouvindo. “Muitos relatos de pacientes que sobreviveram a um período de coma informam que ouviram conversas”, diz o médico Wellingson Paiva, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). “Avaliamos a integridade das vias auditivas e usamos esse exame como referência de gravidade do quadro. Um paciente que apresente a
via auditiva totalmente íntegra apresenta melhor recuperação do que os que têm essa via lesada por um trauma ou AVC, por exemplo”, completa ele. Por meio de exames é possível documentar o quanto opaciente ouve, mas não é possível dizer se as informações são processadas da mesma forma como se ele estivesse acordado.
VERDADE - Mas isso não significa, necessariamente, que o paciente processe o que está ouvindo. “Muitos relatos de pacientes que sobreviveram a um período de coma informam que ouviram conversas”, diz o médico Wellingson Paiva, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). “Avaliamos a integridade das vias auditivas e usamos esse exame como referência de gravidade do quadro. Um paciente que apresente a
via auditiva totalmente íntegra apresenta melhor recuperação do que os que têm essa via lesada por um trauma ou AVC, por exemplo”, completa ele. Por meio de exames é possível documentar o quanto opaciente ouve, mas não é possível dizer se as informações são processadas da mesma forma como se ele estivesse acordado.
A pessoa perde a consciência sempre depois de um acidente
Saiba mais sobre o diabetes
MITO - São várias as causas. O diabetes é uma delas. Se os níveis de açúcar no sangue subirem demais e por tempo prolongado, a pessoa entra em coma. Infecções que causem inflamação nocérebro ou nos tecidos que o envolvem – como encefalite oumeningite – podem levar a esse estado. Outras possibilidades são a exposição a uma quantidade muito grande de monóxido de carbono, overdose de drogas e até infarto severo, que provoca um déficit de oxigenação no cérebro.
A chance de voltar diminui com o tempo
VERDADE - Quanto mais tempo o paciente permanecer sem resposta, maior é a dificuldade de recuperar-se e aumenta a chance de sequelas. Depois de 12 meses, a chance de recuperação é bastante pequena.
VERDADE - Quanto mais tempo o paciente permanecer sem resposta, maior é a dificuldade de recuperar-se e aumenta a chance de sequelas. Depois de 12 meses, a chance de recuperação é bastante pequena.
Conversar com o doente ajuda
VERDADE - “Não há comprovação científica quanto a isso, mas nós, médicos, acreditamos que, quanto mais cuidados e apoio da família e de amigos o paciente recebe, maior sua chance de recuperação”, explica o médico Wellingson Paiva.
VERDADE - “Não há comprovação científica quanto a isso, mas nós, médicos, acreditamos que, quanto mais cuidados e apoio da família e de amigos o paciente recebe, maior sua chance de recuperação”, explica o médico Wellingson Paiva.
Trata-se de um tipo de sono profundo
MITO - Há duas diferenças básicas. A primeira é que, durante o coma, não acontecem os cicloscaracterísticos do sono – estágios de 1 a 4, mais sono REM, mais profundo. Durante essas fases, asondas cerebrais se comportam de uma determinada forma que é diferente das ondas registradas durante o coma. A segunda diferença é que, no sono, a pessoa pode acordar com facilidade, o que não acontece no coma. O estado de coma mantém mais semelhanças com o que acontece durante a anestesia geral, segundo um estudo feito em 2010 no Hospital Geral de Massachusetts, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT-EUA). Os pesquisadores concluíram que a anestesia geral é como um coma induzido, reversível. Mas eles descobriram também que alguns circuitos cerebrais – como o do despertar – agem de forma semelhante tanto no coma e na anestesia quanto no sono. Portanto, estar em coma não é como ficaradormecido, mas sair dele pode ser um fenômeno semelhante ao despertar.
MITO - Há duas diferenças básicas. A primeira é que, durante o coma, não acontecem os cicloscaracterísticos do sono – estágios de 1 a 4, mais sono REM, mais profundo. Durante essas fases, asondas cerebrais se comportam de uma determinada forma que é diferente das ondas registradas durante o coma. A segunda diferença é que, no sono, a pessoa pode acordar com facilidade, o que não acontece no coma. O estado de coma mantém mais semelhanças com o que acontece durante a anestesia geral, segundo um estudo feito em 2010 no Hospital Geral de Massachusetts, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT-EUA). Os pesquisadores concluíram que a anestesia geral é como um coma induzido, reversível. Mas eles descobriram também que alguns circuitos cerebrais – como o do despertar – agem de forma semelhante tanto no coma e na anestesia quanto no sono. Portanto, estar em coma não é como ficaradormecido, mas sair dele pode ser um fenômeno semelhante ao despertar.
Há possibilidade de indução
VERDADE - Pode ser induzido por agentes farmacêuticos para proteger o paciente de uma dor muito forte durante o processo de recuperação ou para preservar as funções cerebrais mais nobres depois de umtrauma cerebral. Nesses casos, o médico tem controle do processo e pode trazer o paciente de volta ao estado de vigília quando julgar que é o melhor momento.
VERDADE - Pode ser induzido por agentes farmacêuticos para proteger o paciente de uma dor muito forte durante o processo de recuperação ou para preservar as funções cerebrais mais nobres depois de umtrauma cerebral. Nesses casos, o médico tem controle do processo e pode trazer o paciente de volta ao estado de vigília quando julgar que é o melhor momento.
Idosos têm menos chance de se recuperar
VERDADE - Idosos geralmente apresentam outros problemas de saúde além daquele que os levou ao coma. Assim, a chance de recuperação sem sequelas é menor.
VERDADE - Idosos geralmente apresentam outros problemas de saúde além daquele que os levou ao coma. Assim, a chance de recuperação sem sequelas é menor.
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