Com o crescimento da polêmica em torno do projeto conhecido como
“cura gay”, a revista Veja vez uma reportagem especial para investigar
como o assunto é tratado nas igrejas evangélicas. Identificando-se como
um homossexual buscando mudar sua orientação, um repórter da revista
percorreu dez igrejas evangélicas em São Paulo, levantando dados sobre
conselhos dados por pastores nessa situação.
- O objetivo era saber como essa questão é tratada no dia a dia
dessas religiões. Em outras palavras: afinal, a tão falada “cura gay”
existe na prática? – explica o texto da reportagem.
De acordo com a revista, nos templos visitados, ninguém usou o termo
“cura gay” ou demonstrou ter um programa específico para tal finalidade,
mas nove dos dez pastores consultados sugeriram algum tratamento
espiritual para a pessoa se livrar da prática, considerando-a um pecado
grave.
- Homossexuais são como as prostitutas: sofreram alguma macumba e têm
influências de forças malignas – explicou o pastor Aristides de Lima
Santos, da Igreja Cristã Pentecostal Independente Maravilhas de Jesus,
localizada no centro de São Paulo.
Santos afirmou ainda que para abandonar a homossexualidade o homem
deve “arrumar uma mulher quanto antes para casar e ter filhos”. Para
justificar suas afirmações ele se utilizou de versículos como Levítico
18:22, que afirma: “Não te deitarás com um homem, como se fosse uma
mulher: isso é uma abominação”.
- Mas Deus é misericordioso e não discrimina ninguém, desde que a pessoa liberte sua alma do diabo – completou o religioso.
O repórter afirma que para as igrejas a prática homossexual é
condenável e precisa ser mudada imediatamente, sob o risco de o
transgressor acabar no inferno, como na igreja Universal do Reino de
Deus, onde o pastor André Luís foi quem aconselhou o repórter.
- Com muita oração, renegando os amigos homossexuais e tirando a
influência de qualquer magia negra, é possível um gay se casar e ter
filhos. Já vi muitos pastores convertidos – afirmou o pastor da
Universal.
Templos da Assembleia de Deus Ministério do Belém, da Internacional
da Graça de Deus, da Igreja Mundial do Poder de Deus, e da Deus É Amor
também foram visitados para compor a reportagem.
- Isso é coisa do capeta – afirmou, sobre a homossexualidade, o
pastor Eder Brotto, da Igreja Mundial do Poder de Deus, que fez ainda
uma oração de libertação com o repórter: – Feche os olhos, leve a mão
direita à altura do coração e comece a renegar os prazeres da carne –
proferiu o pastor, que ainda sugeriu ao repórter que frequentasse a
igreja às sextas e aos domingos, além de orar três vezes por dia
ajoelhado no chão.
Além de influências malignas, a homossexualidade foi abordada em
algumas igrejas como “maldição hereditária”, feitiço e até mesmo uma
questão de controle, sendo comparada até mesmo com a poligamia.
Do outro lado, a reportagem mostrou o caso da pastora Lanna Holder,
lésbica assumida e fundadora da igreja Comunidade Cidade de Refúgio.
Depois de defender a “cura gay” por dezesseis anos, Holder fundou ao
lado de sua atual companheira, a cantora gospel Rosania Rocha, uma
igreja inclusiva, onde a maioria dos frequentadores são homossexuais.
- Quase todos eles tentaram se ‘salvar’ e não conseguiram. É normal
recebermos aqui gente que já quis se matar várias vezes devido a esses
processos, que causam um problema sério de auto aceitação – afirma a
pastora.
A reportagem falou também a respeito dos chamados “ex-gays”,
apontando-os como “propagandas ambulantes” de uma possível cura gay, e
também de igrejas e pastores.
Entre os que defendem a mudança de orientação sexual está o pastor
Joide Miranda, que afirma ter se curado do que ele chama de “estado de
homossexualidade”.
- Hoje restaurado pelo poder do evangelho eu posso afirmar que
ninguém nasce homossexual. A homossexualidade é uma conduta aprendida e
ela pode ser desaprendida. Hoje sou pastor, ministrante e pregador. Sou
casado há 15 anos com a missionária Edna Miranda e sou pai de um filho. O
meu testemunho serve para edificar muitas vidas – afirmou Miranda ao
G1, durante a Marcha para Jesus em MT.
Por Dan Martins, para o Gospel+
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